O Pavilhão do Uruguai para a 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza - a cargo dos arquitetos Emilio Nisivoccia, Martín Craciun, Jorge Gambini, Santiago Medero e Mary Méndez - é um grande arquivo que se desenvolve no espaço, envolvendo materiais que vão desde os documentos até a interpretação destes. A montagem é concebida como um único arquivo composto por materiais e escalas diferentes, gerando três áreas conectadas, embora claramente definidas: a entrada (apresentação da exposição), uma segunda área repleta de prateleiras metálicas dispostas sobre uma trama ortogonal (apresentando maquetes e outros objetos) e um terceiro espaço formado por uma grande mesa que permite ao visitantes entrar em contato com um arquivo de plantas, desenhos e fotografias.
Descrição da página oficial da exposição do Uruguai. Em 1914, quando a Europa se lançava na Grande Guerra, o Uruguai iniciava sua investida de construir um projeto de modernização. Um "sonho da razão", embora muitas vezes parecesse mais um pesadelo, em todo o caso, um sonho cumprido apenas parcialmente.
Se a modernidade é um tempo sem deuses nem destino, um vazio na história que desafia e exige que os homens construam seu presente e futuro, a história da modernização no Uruguai pode ser lida a partir de seu lado mais heroico através e um conjunto de projetos que, de uma forma ou de outra, buscaram tornar reais esses mesmos desejos de liberdade.
No centro desse turbilhão chamado modernidade, desse vento capaz de quebrar as assas do "anjo da história", os arquitetos tiveram um papel fundamental: ocuparam postos de comando no governo, inundaram com propostas a administração pública e se envolveram nas fontes da economia liberal. Porém, sobre tudo, projetaram em cada traço e cada linha as formas e relações de um novo mundo que devia ser construído sob o resguardo da Razão, da Ética e da Sensibilidade.
La Aldea Feliz propõe questionar cem anos de modernização no Uruguai recorrendo a vinte episódios que, de uma forma ou de outra, revelam as mais secretas ambições do sonho moderno, e também seus pesadelos.
O trabalho de curadoria pode ser resumido em duas operações: a primeira, a construção de uma hipótese histórico-crítica e seu desdobramento através do conjunto de episódios que dão forma ao catálogo. A segunda, a instalação de uma exposição capaz de propor ao visitantes uma experiência - um aqui e agora - coerente com o ponto anterior. A mostra é concebida como uma espécie de arquivo desdobrado no espaço do pavilhão, uma acumulação de materiais que cobrem desde o documento em estado puro - plantas, maquetes e desenhos - até sua interpretação historiográfica. Um depósito de documentos que convida o novos flâneurs da era globalizada a percorrer cem anos de uma história mundana.